Os contratualistas
Há uma semelhança clara entre as teorias dos três filósofos contratualistas que estudaremos neste texto. Todos eles concebem um hipotético ser humano no estado de natureza que fundamenta a necessidade do Estado e, de certa forma, define o principal serviço que este deve prestar a sociedade. Contudo, há também grandes diferenças. Agora, iremos estudar as semelhanças e diferenças existentes entre as teorias de Thomas Hobbes, John Locke e Jean-Jacques Rousseau.
Thomas Hobbes, filósofo inglês (1588 – 1679)
Hobbes inicia sua filosofia política concebendo hipoteticamente o ser humano no estado de natureza. Segundo ele, nesse estado, o maior interesse de cada indivíduo humano é conservar a própria vida. Todavia, no estado de natureza o ser humano é incapaz de controlar seus impulsos selvagens, e isso faz de cada indivíduo um potencial algoz do outro e vice-versa. Mesmo assim, o desejo humano que prevalece é o de conservação. Por isso, os indivíduos podem, livremente, estabelecer um pacto social, que consiste na transferência do poder que cada um tem de defender a própria vida para as mãos de um soberano. O principal dever do soberano é garantir a paz civil, isto é, garantir pelo uso da sua autoridade e da força, que cada indivíduo respeite o direito que o outro tem à vida.
No Estado absolutista de Hobbes toda pessoa humana tem o direito a uma vida privada. Isso significa todos podem estabelecer moradia onde bem entender, exercer a profissão que preferir etc. Existe, porém, uma situação específica em que o indivíduo que, idealmente, deve sempre obedecer ao soberano, pode legitimamente rebelar-se contra o Estado. Toda vez que o Estado coloca em risco ou atenta contra a vida de uma pessoa, esta tem direito de defender-se.
Mesmo sendo um fiel defensor do absolutismo, seria contraditório para Hobbes não garantir esse direito, já que, na concepção dele, cada pessoa humana