Org hibridas
Thomaz Wood Jr.
Professor da Escola de Administração de Empresas de São Paulo, Fundação Getulio Vargas – São Paulo – SP, Brasil
Para os visitantes da Amazônia brasileira, um passeio obrigatório é o
“encontro das águas”, um fenômeno que acontece na confluência entre o rio Negro, de água preta, escura, e o rio Solimões, de água barrenta. Em lugar de se misturarem no ponto da junção, as águas dos dois rios correm separadas, lado a lado, por mais de 6 quilômetros. O fenômeno se deve à diferença entre a densidade, a temperatura e a velocidade das águas dos dois rios. O rio Negro corre a cerca de
2 km/h a uma temperatura de 22°C, enquanto o rio Solimões corre de 4 a
6 km/h a uma temperatura de 28°C
(PrEFEiturA dE MANAuS, 2007).
Nesta Pensata, argumenta-se que um fenômeno similar está ocorrendo no mundo corporativo. desde os anos 1990, a aceleração dos processos de mudança organizacional (KANtEr, StEiN E JiCK, 1992; WiLSON,
1992), o crescimento dos processos de fusão e aquisição (GrEGOriOu e rENNEBOOG, 2007; MArKS e
MirViS, 1998; thE ECONOMiSt,
1999a; thE ECONOMiSt, 1999b;
VASCONCELOS, CALdAS e WOOd,
2003), e os processos de privatização, especialmente nos países emergentes
(rAMAMurti, 2000), fizeram surgir o que se poderia denominar organizações híbridas, um novo “tipo ideal”
(veja LAMMErS, 1988). No Brasil, diversos casos recentes podem ter gerado organizações híbridas, tais como a aquisição do ABN-real pelo Santander, a fusão entre o itaú e o unibanco,
I SSN 0034-7590
o surgimento da Fibria, resultado da união entre a Aracruz Celulose e a Votorantim Celulose e Papel, e a criação da Brazil Foods, resultado da união entre a Sadia e a Perdigão.
Neste ensaio, procura-se apresentar as organizações híbridas como configurações resultantes de processos de mudança e que conservam, por muito tempo, no mesmo locus organizacional, características estratégicas, organizacionais e culturais distintas, originárias