Oralidade e escrita
Adotando a posição de que lidamos hoje com práticas diferentes de letramento e oralidade, Marcuschi reforça que as variações e manifestações lingüísticas correntes são determinadas pelos usos que fazemos da língua e que, a partir dessa premissa, o objeto central de suas investigações será o que fazemos com a linguagem, ou seja, analisará as formas a serviço dos usos.
A escrita tornou-se um bem social indispensável, símbolo de educação, desenvolvimento e poder, alcançando um valor social superior à oralidade e servindo muitas vezes como forma de discriminação. A fala é adquirida naturalmente em contextos informais, no dia-a-dia, enquanto a escrita é adquirida formalmente, através da escola, e, talvez esse, reflete o autor, seja o caráter gerador de seu prestígio.
A fim de desfazer o mito da escrita como representação de raciocínio lógico e desenvolvimento e a sua supervalorização adquirida, o autor diz que a alfabetização evidentemente é fundamental, mas é necessário que se entenda que ambas, fala e escrita, são imprescindíveis para a sociedade, e que não se deve confundir os papeis e nem discriminar seus usuários. Interessante, diz ainda, seria se refletir melhor sobre a importância e o lugar da oralidade hoje, já que redescobrimos que somos seres orais.
O autor sugere a distinção das dimensões de relações entre língua falada e língua escrita. Apontando conceitos breves de oralidade e fala, letramento e escrita, ele aborda as várias tendências de estudos que se ocupam dessas relações, apontando