O narrador, José, um professor de história aposentado, está internado em um asilo e passa a relatar o seu dia-a- dia. Ele sente imperar naquele lugar o abandono, a degradação, o desrespeito , a humilhação e a privação. José, num primeiro momento, parece conformado com a situação em que se encontra: “um velho inerte, preguiçoso e entediado só pode abrir a boca para bocejar” (FONSECA, 1997, p. 118); entretanto, ele percebe as coisas a sua volta, vê que estão completamente isolados da sociedade, presos em um ambiente que mais parece presídio do que lar de idosos. Acrescentando-se que nem mesmo entre os idosos é permitido o diálogo, devem ficar o tempo todo em seus cubículos esperando pela morte. Os idosos são condicionados a aceitar o tratamento humilhante que lhes é dado, ficam cada vez mais débeis e assim, não oferecem resistência. José, vítima do sistema: “Aquele ser velho me foi imposto por uma sociedade corrupta e feroz, por um sistema iníquo que força milhões de seres humanos a uma vida parasitária, marginal e miserável” (FONSECA, 1997, p. 134), percebe que seus pensamentos não podem ser vigiados e que continua sendo o mesmo homem inteligente e astuto que sempre fora. Une-se, então, aos seus companheiros, Pharoux e Cortines, para realizar um motim em busca da liberdade. A luta passa a ser não só intelectual mas também física, pois invadem a casa do diretor do asilo e tomam o poder pela força: “A idéia me agrada. A história ensina que todos os direitos foram conquistados pela força. A fraqueza gera opressão” (FONSECA, 1997, p. 135); ou seja, a afirmação é de que os oprimidos devem fortalecer-se e usar a força contra os opressores. Para o narrador, a única forma de ganhar o complexo jogo da sobrevivência.