Ongs e indigenismo
A precariedade do trabalho desenvolvido pelo Estado, somada ao processo de democratização da sociedade brasileira pós-ditadura militar, foram dois importantes fatores a contribuir para que muitos outros agentes da sociedade civil se envolvessem gradativamente nos processos de formulação e execução das políticas voltadas para os povos indígenas.
Resumir o leque de atividades desenvolvidas por esses agentes da sociedade civil é uma tarefa difícil. Estas organizações, principalmente as ONGs, desenvolvem uma complexa rede de atividades e políticas públicas que atuam nas mais diferentes direções. Há desde projetos de auto-sustentação econômica até programas de capacitação técnica, formação de professores indígenas, recuperação e proteção de características sócio-culturais, demarcação e vigilância de terras, para citar apenas alguns.
No Brasil de hoje, todo dia é dia de índio. A população indígena, que chegou a apenas 100 000 pessoas algumas décadas atrás, voltou a crescer numa média de 3,5% ao ano, índice superior ao crescimento populacional do restante do país. Os números derrubaram algumas previsões de nomes conceituados, como o antropólogo Darcy Ribeiro, que nos anos 60 alertava para o declínio da curva demográfica desses povos. O último censo, feito há dois anos, aponta que existem 358 000 indivíduos de 215 etnias em 588 áreas indígenas identificadas, que representam quase 12% do território nacional. Dois terços desse total estão devidamente delimitados e regularizados. O grande crescimento das áreas indígenas no Brasil ocorreu a partir de 1988, quando, pela nova Constituição, o governo ficou obrigado a demarcar as áreas desses povos. Elas somavam 212 na época e chegaram a 391 em 2002, num aumento de quase 85% em menos de quinze anos. Outra evolução foi a parceria com organizações não-governamentais e com os próprios índios que se organizaram em associações para administrar as reservas.
O Instituto Socioambiental (ISA) é uma das mais