oi cara de boi
Pensei que isso representava um desejo, que me irritava, de criar o acontecimento. Depois de ter visto o filme, a minha opinião é que esse debate não tem razão de ser. Play é obviamente um filme antirracista. Contudo, hoje, compreendo o motivo por que Ruben Östlund preferiu tomar a iniciativa. O debate sobre o racismo era inevitável.
Um ódio decorrente dos preconceitos
Play conta a história de um grupo de adolescentes pertencentes a classes desfavorecidas que se servem dos preconceitos de que são alvo (são negros) para roubar filhos de boas famílias, perdidos na grande cidade. Os ladrões jogam com os preconceitos das suas vítimas e o realizador com os preconceitos do público, ao ponto de ser difícil saber que partido tomar.
No início do filme, eu estava do lado dos jovens dos subúrbios – meio de que eu próprio sou oriundo – mas arrefeci um pouco, quando eles atacaram um dos seus. E, depois, fiquei com pena daqueles frágeis filhos de boas famílias e sustive a respiração por eles, até à cena em que um pai da classe média se permite espancar o agressor do filho, explicando-lhe porque o faz.
A meu ver, esse pai não é diferente daqueles que lançaram abaixo-assinados para exigir a exclusão de Zlatan [Ibrahimović] do Malmö FF, um incidente referido por várias vezes por este futebolista na sua autobiografia [o jogador, filho de pais jugoslavos e nascido na Suécia, é um dos melhores jogadores da equipa nacional]. Foi ao assistir a essa cena que perdi o meu self-control e me deixei dominar por um ódio irracional contra aquela classe, um ódio decorrente dos meus preconceitos. Foi nesse