OBJETOS DE MELANCOLIA
Apesar de ser considerada a mais realista e fácil das artes estáticas, a fotografia é onde o surrealismo realmente triunfou, em detrimento da pintura, poesia e até mesmo o teatro, o que não significa que ela (a fotografia), foi considerada parte do movimento surrealista oficial, sendo consideradas proezas marginais da história da fotografia.
O surrealismo se situa no coração da atividade fotográfica, criando uma cópia do mundo, mostrando uma realidade mais dramática do que aquela percebida pela visão natural, quanto menos produzida, mais confiável era a foto.
O surrealismo está ligado ao inesperado, ao acidental.
As primeiras fotos surrealistas são de 1850, quando fotógrafos vagaram pelas ruas de Londres, Paris e Nova York.
O Surrealismo é retratado pelo descontentamento da classe média burguesa, pois esta encontrava-se entre o glamour dos nobres e poderosos e a degradação opaca dos pobres e párias.
A fotografia sempre foi fascinada pelos extremos sociais, tanto a alta classe como os miseráveis.
Os documentaristas preferem os menos afortunados, rondando os oprimidos esperando cenas de violência, pois a miséria social os incitou a documentar uma realidade oculta, ao menos oculta para eles.
O flâneur (em francês vagabundo, vadio) é atraído pelos recantos escuros e sórdidos da cidade e suas populações abandonadas, assim como um detetive persegue um criminoso.
Os humanistas viam os cortiços como o cenário mais atraente.
Os fotógrafos contemporâneos ainda usam a mesma justificativa de antigamente, de que tirar fotos serve a um propósito elevado: revelar uma verdade oculta, conservar um passado em via de desaparecer.
A câmera transforma qualquer pessoa em uma turista na realidade dos outros e, por fim, na sua própria realidade.
Para cada fotógrafo especializado em pobres, muitos saíam a procura de uma realidade exótica de alcance mais amplo, tais como documentar cerimonias tradicionais ou festas rurais.
Desde o início, a fotografia profissional