Luto e melancolia
FREUD, S. (1917[1915]). Luto e Melancolia. In: ESB. Rio de Janeiro: Imago, 1976. v. 14. p. 271-291.
O luto é a reação à perda de uma pessoa querida, e/ou à perda de alguma abstração que ocupou o lugar desta pessoa. Em algumas pessoas, as mesmas influencias podem produzir melancolia em vez do luto; acredita-se que essas pessoas possuam uma disposição patológica.
Há uma correlação entre melancolia e luto, e ela parece justificável pelo quadro geral das duas condições. Desanimo, cessação do interesse pelo mundo externo, perda da capacidade de amar, a inibição das atividades, sao características de ambos. Somente na melancolia, há além dos anteriores citados, diminuição dos sentimentos de autoestima a ponto de encontrar expressão em auto-recriminação que leva a punição.
Embora o luto envolva afastamentos significativos das atividades rotineiras, ele não é observado como sendo uma patologia. É esperado que seja superado após algum tempo.
O trabalho psíquico do luto inicia-se quando o objeto amado não existe mais, tornando necessária que toda a libido seja retirada das ligações com aquele objeto, o que deixa claro que as pessoas nunca abandonam facilmente uma posição libidinal. Esse processo pode ser tão intenso, que de lugar a um desvio da realidade, a um apego por intermédio de um psicose alucinatória carregada de desejo. Quando isso ocorre, o sujeito mantém o respeito pela realidade. O processo leva tempo, de tal forma que, psiquicamente, a existência do objeto perdido é estendida por um período.
Cada lembrança e expectativa através das quais a libido está vinculada ao objeto, é evocada e hipercatexizada, e o desligamento da libido se realiza. Percebe-se que esse penoso desprazer é aceito por nós como algo natural. Porém, o fato é que, quando o trabalho do luto se conclui, o ego fica outra vez livre e desinibido.
O trabalho psíquico da melancolia também inicia-se com à perda de um objeto amado, porém, uma perda de natureza mais