Resenha Luto e Melancolia

LUTO E MELANCOLIA FREUD, Sigmund Obras completas (coleção) Editora Imago. 1988. A melancolia, um estado patológico, é investigada por Freud a partir do paradigma do luto, um estado normal. No luto e na melancolia as influências ambientais são as mesmas, no luto ocorre a perda de um ente querido ou de alguma abstração que ocupou o lugar deste. Em algumas pessoas essas influências produzem a melancolia. O luto normal é superado após lapso de tempo, e jamais deve ser considerado como uma condição patológica e nem ser submetido a tratamento médico. A perturbação da autoestima está ausente no luto, esse é o traço mental que os diferencia. A situação do luto pode ser tão bem explicada - no luto o desinteresse pelo mundo externo e a perda da capacidade de adotar um novo objeto de amor e o afastamento de toda atividade que não se relacione a ele, essa inibição e circunscrição do ego é de uma exclusiva devoção ao luto- que não parece patológica. O luto é uma psicose alucinatória carregada de desejo, a libido ligada ao objeto que não existe mais deve ser retirada, gerando a oposição ao abandono de uma posição libidinal. A libido fica sem ter no que investir, após a conclusão do luto o ego fica outra vez livre e desinibido, recuperando a capacidade de investir em novos objetos amorosos. No luto, a perda objetal é retirada da consciência, o sujeito sabe quem ele perdeu. Na melancolia, a perda é inconsciente, o sujeito pode até saber quem ele perdeu, mas não sabe o que ele perdeu nesse alguém. Ao passo que no luto é o mundo se torna pobre e vazio, na melancolia é o próprio ego. O sujeito sente-se incapaz de qualquer realização e moralmente desprezível, há um delírio de inferioridade principalmente moral. O melancólico possui uma visão mais penetrante da realidade do que outras pessoas que não estão na mesma situação, há satisfação no desmascaramento de si mesmo. A analogia com o luto leva a conclusão que o paciente sofrera uma perda relativa a um objeto, mas o que ele diz