Não fale do codigo de hamurábi
A pesquisa sócio-jurídica na pós-graduação em Direito
Luciano Oliveira
1. NOTA INTRODUTÓRIA
Antes de esclarecer o sentido do seu enigmático – e um tanto provocador – título, gostaria de começar por situar o presente artigo. Mesmo não sendo exatamente a continuação de um texto anterior tratando do ensino da Sociologia Jurídica nas faculdades de direito (Oliveira,
2002), de certa forma dele deriva, na medida em que foi a partir daquele outro que germinou a idéia deste.
No texto anterior abordei o ensino da disciplina para estudantes de direito de um modo geral, sem explicitamente diferenciar a graduação da pós-graduação, detalhe para o qual só atinei quando, apresentando uma proposta de programa para a disciplina, destaquei que ela se dirigia especificamente para os alunos da graduação. Ou seja: ainda que contendo aqui e ali referências à minha experiência também na pós-graduação, o seu referencial eram realmente os estudantes da graduação. Permiti-me então pensar que, nesse caso, estaria faltando um texto sobre a Sociologia Jurídica que tivesse por objeto de reflexão sua possível (ou uma possível) relevância entre alunos de mestrado e doutorado em direito. Este texto é o resultado dessas reflexões.
Esclareço que se trata de um texto bastante pessoal, na medida em que resulta fundamentalmente de minha experiência enquanto professor da disciplina e examinador de dissertações e teses no Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade Federal de
Pernambuco. A minha experiência enquanto examinador está baseada mais em dissertações do que em teses, o que é explicável até pelo fato de as primeiras existirem em maior
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número. As sugestões que me permito fazer, entretanto, endereçam-se também aos que estão fazendo teses. Com isso quero dizer que, numa medida moderada, o texto exprime uma opinião com intenções prescritivas. Trata-se, num momento em que a presença da
Sociologia Jurídica nos cursos