Náusea existencialista em “O ovo e a galinha”, de Clarice Lispector
COMPONENTE CURRICULAR: LITERATURA BRASILEIRA II
ACADÊMICO LUCAS CARNIEL
Náusea existencialista em “O ovo e a galinha”, de Clarice Lispector
Nas obras de Clarice Lispector, é possível perceber uma imensidão de riquezas estilísticas, tais como os labirínticos fluxos de consciência, momentos de epifanias, náusea existencialista, entre outras características que a fazem merecer destaque no cânone literário brasileiro. No conto “O ovo e a galinha” notadamente sobressaísse a característica da náusea existencialista. Esta náusea é motivada, primeiramente, por um elemento epifánico, no caso, o ovo, objeto que deveria ser algo trivial na vida de qualquer indivíduo, mas que no conto de Clarice Lispector ganha um novo status, quase como se fosse uma revelação divina. E a partir deste elemento toda a narrativa se desenvolve sobre essa problemática, a da existência do ovo enquanto ovo, no entanto, a personagem quer chegar a outras conclusões por meio do zigoto.
O narrador fornece algumas características que permitem ao leitor situar-se no tempo e no espaço. É de manhãzinha, na cozinha, que a personagem percebe o ovo. E partir dele, ela tem a prova de que o ato de vê-lo não está no presente, mas sim no passado. Assim, esta personagem vai desenvolvendo, mentalmente – por meio de uma enxurrada de fluxos de consciência – teorias a respeito do ovo. Suas impressões fugidias a despertam para a realidade desse objeto, ele é perfeito, e, assim, é a alma da galinha, que jamais deve saber de sua existência, assim como ela mesmo não pode entendê-lo, pois isso a mostraria que ela está errada.
No entanto, é necessário ressaltar que o ovo pode ser considerado um subterfugio para que a personagem possa refletir a respeito de outras questões, como a vida, a opressão, a verdade. O objeto é como se fosse uma válvula propulsora para que ela passe a refletir sobre sua própria existência e o que ela está fazendo de