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CAPÍTULO 8
A importância da Núbia: um elo entre a
África central e o Mediterrâneo
Shehata Adam colaboração de J. Vercoutter
Um breve exame do mapa físico da África basta para mostrar a importância da Núbia como elo entre a África central – a dos Grandes Lagos e da bacia do
Congo – e o mundo mediterrânico. O vale do Nilo, que em sua maior parte corre paralelo ao mar Vermelho, em direção ao “corredor” núbio, entre o Saara, a oeste, e o deserto arábico ou núbio, a leste, permitiu um contato direto entre as antigas civilizações do Mediterrâneo e as da África negra. Assim, não deve causar espanto a descoberta de uma admirável cabeça de bronze de Augusto em
Méroe, a menos de 200 km de Cartum.
Embora o Nilo constitua um meio seguro de atravessar essas regiões desérticas, a viagem não é tão fácil como poderia parecer à primeira vista. De
Assuã até as proximidades de Omdurman, as cataratas dificultam a navegação na direção norte‑sul, chegando a interrompê‑la em alguns trechos. Além disso, as duas enormes curvas do rio aumentam muito o trajeto, constituindo‑se, em certos pontos, num sério obstáculo à navegação; entre Abu Hamad e
Uadi el‑Milk, por exemplo, o Nilo toma a direção sudoeste, ao invés de fluir para o norte. Assim, na maior parte do ano, o tráfego rio acima depara‑se com o escolho dos ventos e das correntezas, embora a viagem rio abaixo seja, naturalmente, muito mais fácil. Mais ao sul, enfim, os extensos pântanos de el‑Sudd, embora não sejam intransitáveis, também não facilitam as trocas culturais ou econômicas.
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África Antiga
Figura 8.1 O vale do Nilo e o
Corredor Núbio.
(Mapa fornecido por J. Vercoutter.)
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Apesar de tudo, a Núbia continua a ser, na África, uma zona de contatos privilegiada, não só entre norte e sul como também entre leste e