Novela das 8 e sociedade do espetaculo
Chamamos de “horário nobre” o espaço de tempo no qual temos o pico de audiência, ou seja, a maior concentração de televisores ligados ao mesmo tempo, do dia. Nesse período a novela das 21:00h (antigamente era às 20:00h) da Rede Globo há muitos anos vem sendo a principal atração em termos de audiência. Passam-se enredos, personagens, lugares e conflitos e seu público segue fiel.
Assistir a um capítulo da novela, após ter conhecido o pensamento de Guy Debord e a sua obra sobre a sociedade do espetáculo, conduz a uma constatação de que a novela é a espetacularização da vida real. Segundo o autor francês a sociedade pós moderna, globalizada é guiada por imagens e mídias. Tudo na sociedade é guiado pela aparência. Se na sociedade moderna o consumo, o ter, significava o ser, o que você tinha era o que você era. Agora o consumo é voltado para o parecer, o que parecemos ser é como somos vistos pelos outros. Debord vai além: “O espetáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação social entre pessoas, mediada por imagens... O espetáculo é a afirmação da aparência e a afirmação de toda vida humana – isto é, social – como simples aparência”. As pessoas criam imagens para construir relações sociais, espetacularizando situações banais, supervalorizando a aparência, atos e atitudes que seriam bem vistas pela sociedade e escondendo as que seriam mal vistas. Então toda a dureza da vida é deixada de lado e o individuo através das mídias passa a viver num mundo de aparências, de ilusão, de sonho.
Na novela a população encontra a sua “vida real”. Ali encontramos uma vida sempre cheia de emoções, conflitos e situações novas a cada dia. Vemos “todos” os problemas da vida real sendo discutidos e solucionados ali na fantasia. Na novela sabemos qual mulher é bonita e qual não é. Na novela as mulheres descobrem como ficar bonita tal qual aquela mulher bonita da novela. Isso remete a um outro grande mal da nossa