Nova russia
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[pic]Ariel Cohen*
Enquanto as integrantes da banda russa de punk rock Pussy Riot apelam de sua sentença de dois anos de prisão, por um protesto político realizado na Catedral do Cristo Salvador de Moscou, um clima de repressão começa a tomar conta de seu país. Essa repressão é envolta em um verniz legislativo, mas a mão de ferro do autoritarismo é inconfundível. O aperto dos parafusos por Vladimir Putin faz parte de um padrão mais amplo, que inclui um retorno do confronto com os Estados Unidos e a Otan. Os Estados Unidos devem reconhecer especificamente que sua política de “reset”, de não ver nenhum mal, não ouvir nenhum mal, contribuiu para o pisoteio dos direitos humanos na Rússia. Moscou está se aproximando da China, apoiando o regime de Assad na Síria e ignorando a corrida nuclear iraniana. O Kremlin está trabalhando arduamente para criar uma esfera de influência ao longo de sua periferia e um “polo” no mundo multipolar capaz de confrontar Washington.
Os recentes desdobramentos têm um sabor inconfundível dos anos 1920 e 1930, quando os soviéticos enviavam pessoas para o Gulag simplesmente por serem quem eram, não pelo que fizeram. Por exemplo, o Cheka - o avô do serviço de segurança russo, FSB - prendia preventivamente os descendentes de nobres ou aqueles que tinham parentes no exterior. Vladimir Lênin, o fundador do Estado soviético, formado em direito, escreveu: “Os tribunais não devem acabar com o terror - prometer o contrário significaria enganarmos a nós mesmos e aos outros -, mas sim lhes dar base e legalidade, de modo claro, honesto e sem enfeites”. É de se perguntar se o feiticeiro se tornou um modelo para o aprendiz. Putin chamou Stálin de “administrador eficaz”. Nesse espírito, há três semanas, a Duma aprovou por unanimidade novas emendas propostas pelo FSB que expandirão a definição de “alta traição”. A acusação agora pode ser aplicada a quase qualquer cidadão russo que trabalhe com organizações