Notas Psicologia
“Alguns apontamentos sobre a origem das psicoterapias fenomenológico-existenciais”
1- Fenomenologia:
Husserl (1900) cria então um método para ter acesso ao fenômeno: a redução fenomenológica, a qual consiste em suspender todos os preconceitos, valores, teorias científicas e crenças pré-existentes. É necessária, pois, a realização consciente da redução fenomenológica para obter aquele eu e a vida da consciência, na qual se deve estabelecer a indagação transcendental enquanto indagação da possibilidade do conhecimento transcendente (Husserl, 1900, p. 43). A Fenomenologia nos convida a suspender nossos próprios valores e ir ao encontro do fenômeno – da verdade. Como diz Bicudo (2000), Husserl afirma que perceber uma coisa é vê-la, tocá-la, cheirá-la, ouvi-la, enfim, senti-la de diferentes maneiras e de acordo com as possibilidades dos sentidos (p. 31). Não devemos apreender o mundo como imposto à consciência, mas sim por meio de uma análise intencional, buscando-se a essência do fenômeno, abstraída de opiniões, crenças, preconceitos ou valores que possam vir a influenciá-la.
Tal idéia é reiterada por Holanda (1998), quando descreve que para se compreender o fenômeno, é preciso renunciar a tudo o que é particular do sujeito, de modo que lhe seja permitido uma maior liberdade na compreensão da realidade deste fenômeno (p. 6). Isso é redução fenomenológica: considerarmos nós mesmos como autores de tudo, analisar o objeto a partir da nossa própria concepção, captar a intenção, compreender a essência longe de preconceitos, e inter-relacionar o mundo com a nossa mente. Segundo Dartigues (1992), O resultado da redução fenomenológica (...) não é só o eu penso, mas a conexão ou correlação entre o eu penso e seu objeto de pensamento (p. 22). A fenomenologia se tornará, conseqüentemente, o estudo da constituição do mundo na consciência (Dartigues, p. 24).
Fenomenologia é ir às coisas mesmas, descobri-las tais quais se apresentam aos meus sentidos,