Neurose e trabalho
Rev Neurocienc 2010
;18(3):411-414
resenha
INTRODUÇÃO
Uma considerável parcela dos atendimentos médicos em um pronto socorro ou serviço de pron
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to atendimento em clínica médica e neurologia cor
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responde a pessoas que procuram esses serviços com queixas orgânicas, mas de etiologia psíquica.
Nos serviços médicos, em geral, há pouco espa
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ço e preparo dos profissionais para abordagem desse tema específico, porém, é perceptível a relação clara entre esses sintomas e características do contexto pro
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fissional de algumas dessas pessoas.
O tema trabalho como origem de doenças men
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tais é abordado pela autora Nicole Aubert em um texto entitulado originalmente: “
La nèvrose professionelle
”,
que foi traduzido para português (Neurose profissional) e publicado como capítulo da obra “O indivíduo na organização – dimensões esquecidas” de Jean-François
Chanlat (do original “
L’individu dans l’organisation: Lês dimensions oubliées
”, 1990)
1
. Este assunto fora descrito desde 1910 em telefonistas por Julliard e em 1918 por
Fontègue e Solari como síndrome da fadiga nervosa na mesma categoria profissional. Le Guillant em 1957 trata a neurose das telefonistas como uma neurose pro
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fissional
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. Desde a década de 1980 até os dias atuais
Christophe Dejours estuda e analisa profundamente a origem do que chama de loucura do trabalho
3,4
, o que torna este tema atual. Chanlat, no entanto, traz este tema da área psicológica e médica para dentro da área de administração com muita propriedade e sensibili
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dade.
Será apresentada uma resenha crítica do texto
“Neurose profissional” de Nicole Aubert. Este texto foi selecionado para servir de base à discussão sobre ques
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tões gerenciais das organizações em relação ao cuidado do indivíduo que nela trabalham. Além disso, o texto tem especial valor por estar inserido em uma obra de administração de empresas e não na literatura médica ou psicológica.
A Neurose Profissional