NEOLIBERALISMO E EMPOBRECIMENTO SUBJETIVO: texto de Antonio Pedro Melchior
Este ensaio pretende conduzir a teoria psicanalítica ao encontro de uma crítica política e social que coloque em questão algumas das implicações do neoliberalismo na sociedade brasileira e no mundo, especialmente no campo da subjetividade.
Uma vez fundado sob a lógica do empuxo ao gozo, o discurso do capitalista próprio ao neoliberalismo, reforça a ilusão de que a ‘Coisa existe!’, fragilizando o assujeitamento à Lei enquanto mediação simbólica que organiza o sujeito frente ao Outro e ao outro.
Pretende-se demonstrar que a ordem neoliberal, sociedade de hiper consumo e assentada sob o tripé da desigualdade, competição e eficiência, reforçou a produção de três ordens de crise na contemporaneidade: crise de referencialidades, crise de significantização, crise da alteridade. Isto gera consequências de todas as dimensões: do sujeito às próprias relações públicas, aí envolvendo das questões ambientais à violência social ou institucionalizada.
Esta breve intervenção, portanto, visa problematizar os desdobramentos oriundos da hegemonia do neoliberalismo e do discurso do capitalista, cuja dominante é responsável por excluir o outro, produzindo um verdadeiro antilaço social.
1. Interação Estrutural: subjetividade e a ordem política e social.
“As coisas não vão bem quando a humanidade fatiga excessivamente sua inteligência e procura ordenar com auxílio da razão as coisas inacessíveis à razão. Então surgem ideais, tais como os dos americanos ou dos bolchevistas; ambos são extraordinariamente racionais, mas desejando ingenuamente simplificar a vida acabam por violentá-la de maneira terrível. A igualdade do homem, um ato ideal das épocas pretéritas, está a ponto de se tornar um clichê. Talvez nós, os loucos, consigamos enobrecê-lo um pouco."
Hermann Hesse, in O Lobo da Estepe.
Enquanto pensamento racionalmente organizado, toda estrutura política e social