Nem Todos Tem Uma Vida
Eram sete horas da noite quando esperava, dentro do carro, meu pai sacar dinheiro, ali na Praça do Banco do Bradesco. Senti que alguém me observava, enquanto eu olhava pela janela do carro. Voltei-me e dei com uns olhos grandes e parados como os de um bicho, a me espiar através do vidro da janela, junto ao meio-fio. Eram de uma negrinha mirrada, raquítica, um fiapo de gente, encostada ao poste como um animalzinho, não teria mais que uns sete anos. Inclinei-me sobre o banco, abaixando o vidro: __ O que foi menina?_ Perguntei, naturalmente pensando tratar-se de esmola, ela arregalou seus olhos que já eram grandes e disse: __ O que você disse?_ Perguntou-me, ela. Sua voz era fina, e se me restava duvida que ela não tivesse mais de sete anos, não resta mais. Lembrando-me de sua pergunta a respondi: __ O que você esta fazendo ai? Quer esmola?__ Um momento depois me arrependi do que disse, senti um aperto no coração, acho que fui muito grossa com aquela pobre menina, mas ela pareceu não perceber: __ Só estou esperando minha irmã para ir embora comigo, e não, não quero esmola. __ Ela disse-me e não aguentando de curiosidade a perguntei: __ Qual a sua idade? E de sua irmã?- durante um tempo ela ficou em silêncio, mas me respondeu: __ Eu tenho 6, minha irmã tem 11. __ Onde sua irmã está?__ Perguntei mais uma vez sendo intrometida e curiosa. Mas ela me respondeu: __ Trabalhando, ela sai as 20h00m. Confesso que quando ela me disse isso tomei um grande susto, e em minha cabeça começou surgi muitas perguntas que não fiz a menina, como pode uma menina com quase a mesma idade do que eu trabalhando ainda mais até uma hora dessas? Como uma mãe deixaria sua filha na rua até uma hora dessas?Ê essa menina na minha frente será que também estava trabalhando? O que ela fazia no trabalho? Resolvi deixar esse assunto de lado na minha cabeça por um tempo e