Nelson Rodrigues
Ela é a segunda esposa de Olegário. A primeira esposa morreu em uma época que não se sabe exatamente quando foi. Olegário é um homem atormentado pelos seus sentimentos, ele acusa o destino de ter sido cruel com ele, e de ter "amaldiçoado" sua vida, pois os parentes de sua mulher o incomodam, em especial Maurício, irmão de criação de Lídia, o qual Olegário acusa ter um caso incestuoso com a mulher.
Caracteriza-se essa peça como tragédia, mas poderia ser inserida no ramo do tragicômico, que responde a quatro critérios:
As personagens pertencem às camadas populares, como Inézia e Umberto, que são exemplos dessa classe; e aristocráticas, pois embora, Olegário e Lídia não sejam membros da realeza ou extremamente ricos, Olegário goza de um certo prestígio social e vive em um padrão confortável de vida, típica da classe média.
A ação, séria e até mesmo dramática, não desemboca numa catástrofe e o herói não perece, pois Olegário não morre e Lídia também não perece.
O estilo conhece "altos e baixos": linguagem realçada e enfática da tragédia e níveis de linguagem cotidiana ou vulgar da comédia.
As peças trágicas são muito ambíguas, e há muitos exemplos nesta peça. Como os personagens pouco têm ação diante do destino, descobre-se no decorrer da peça que Lídia não era tão inocente assim, ou talvez fosse, se Olegário não plantasse nela a todo instante a semente da dúvida. Olegário a todo instante se rebaixa diante de Lídia, chamando a si próprio de inválido e alertando a mulher de que existem rapazes mais interessantes que ele.