Nelson rodrigues
Com sua obra, suas controvérsias e a própria biografia, Nelson Rodrigues inscreveu-se como um dos polemistas mais bem-humorados do país, o hiperbólico cronista do futebol e nosso maior dramaturgo. Só depois de sua morte, no entanto, em 1980, passaria a ser um raro caso de unanimidade inteligente (o que, para ele, era um oxímoro), com montagens do diretor Antunes Filho para suas peças, o estudo de sua obra pelo crítico Sábato Magaldi e, em 1992, o lançamento da biografia O Anjo Pornográfico, do jornalista Ruy Castro. Desde então, Nelson foi rediscutido, remontado, relançado.
No primeiro mês de 2012, BRAVO! dá início ao “ano Nelson Rodrigues”, que prevê diversas atividades, como espetáculos teatrais, relançamentos e tradução de parte de sua obra, exposição em São Paulo e Recife, cidade-natal de Nelson, e a divulgação de um curta-metragem antes considerado desaparecido:Fragmentos de Dois Escritores, do dramaturgo João Bethencourt, em que Nelson aparece.
Influência para dramaturgos e cronistas, Nelson Rodrigues comemora 100 anos sem ter envelhecido. Nos momentos transcendentais que pontuam suas histórias, no retrato cru que fez da sociedade brasileira, nos temas e personagens que povoam sua obra, a única marca do tempo é a da eterna atualidade.
Era outro tempo, em um Brasil imemorial. Era a época em que as mães e as viúvas tinham furores de Sarah Bernhardt, a célebre atriz francesa do século 19. As moças na rua, as datilógrafas, as colegiais andavam pelas calçadas com um charme de Joana d’Arc. No futebol, a bola tinha um instinto clarividente e infalível