Negócios
Pioneirismo, falta de planejamento, desconhecimento do negócio e insucesso são os predicados que definem um projeto audacioso implantado no Brasil na década de 20: Fordlândia.
Henry Ford, presidente da indústria automotiva norte americana que leva o seu sobrenome, adquiriu uma vasta área de terra na região Norte do Brasil, especificamente cerca de quinze mil quilômetros quadrados, às margens do Rio Tapajós, no Pará, visando à exploração dos seringais, para a subsequente extração do látex e sua aplicação na indústria automobilística, cujo intuito precípuo era manter a eficiência da produção da Ford sem depender dos exclusivamente dos asiáticos.
A construção de uma cidade tipicamente americana em plena Amazônia, com hambúrgueres e espinafre servidos cotidianamente no almoço, obrigatoriedade do uso de crachás, pestes agrícolas desconhecidas pelos botânicos norte-americanos e truculência gerencial marcaram o fracasso deste audacioso projeto que se encerrou no ano de 1945, chegando a empregar seis mil operários por mês, ao custo total investido de trinta milhões de dólares.
O resultado do projeto foi desastroso: motim dos funcionários, necessidade do envolvimento do exército brasileiro para a retomada do controle fabril, seringueiras que nunca produziram sequer uma gota de látex para borracha das ferventes linhas de produção de Detroit e um prejuízo significativo aos cofres da Ford.
Quanto ao saldo do fracasso, a Ford deixou ao Brasil dois hospitais, estações de captação, tratamento e distribuição de água, usinas de força, estradas, dois pequenos portos, estação de rádio e telefonia, duas mil casas, dentre outras bens, como duas plantações com mais de cinco milhões de seringueiras, em troca de o Governo Brasileiro assumir todas as dívidas trabalhistas deixadas pela automobilística Ford e mediante o pagamento indenizatório de duzentos e cinquenta mil dólares, o equivalente a menos de um por cento do investimento realizado pela companhia