Negros da Guiné
A diversidade cultural africana era de conhecimento dos portugueses, no entanto a partir do momento em que o tráfico toma dimensões de uma grande empresa mercantil este conhecimento é alterado. A construção dos “nomes de nação” e etnômios atribuídos aos africanos têm um significado que foi elaborado pela rede do tráfico e pelos estudos sobre a escravidão.1
Segundo Maria Inês o termo Negros da Guiné e gentios da guiné foram as primeiras denominações destinadas aos africanos que chegavam a Bahia, seu uso foi muito propagado em Portugal a partir do momento que o tráfico ganhava grandes projeções, ignorando, portanto, a multiplicidade cultural da áfrica reflexo de uma transformação da figura do negro em mercadoria. Como as maiorias das fontes são escritos de traficantes o conceito de negros da Guiné se propagou, e o que antes era relativo apenas a África ocidental tornou-se um termo generalizador, como se todos os negros tivessem uma mesma procedência; para a autora os traficantes tinham condições de determinar a origem real dos escravos, no entanto este desinteresse era uma conseqüência da pouca importância da especificidade cultural para o exercício do trabalho ao qual eles seriam destinados.
Como a maioria das fontes sobre o escravos são provenientes dos relatos do tráfico, os dados que refletem o número de escravos para o Brasil são poucos e duvidosos. Devido a isso durante muito tempo a historiografia propagou equívocos, como o exemplo que a autora utiliza de Viana Filho que em um capítulo de sua obra dedicado ao que ele classifica como “ciclo de Angola”, afirma a predominância cultural e numérica dos povos bantos na Bahia durante o século XVII. Maria Inês discorre a crítica a fonte utilizada pelo autor, uma única fonte de uma aprisionamento Holandês cujo a maioria era oriundo de Angola, e ao argumento de serem esses os povos preferidos pelos senhores de engenho devido a fama de seu caráter de docilidade e