Negritude
Prezados William Bonner e Fátima Bernardes,
"Não caçamos pretos, no meio da rua, a pauladas, como nos Estados Unidos, mas fazemos o que talvez seja pior, a vida dos pretos brasileiros é toda tecida de humilhações. Nós tratamos com uma cordialidade que é o disfarce pusilânime de um desprezo que fermenta em nós dia e noite".
Nelson Rodrigues
É com surpresa e indignação que tenho observado a postura marcadamente tendenciosa e parcial dos editores do Jornal Nacional, no que tange ao implemento de cotas para negros nas universidades brasileiras e outros segmentos. A leitura da questão racial de ambos, como grande parte dos brasileiros carece de um aprofundamento mas sério e responsável sobre o tema. O que me revolta, no entanto, na edição das matérias sobre o tema, é a supressão reiterada de elementos históricos que tem colocado o negro à margem do setor produtivo.
As suas elucubrações sobre a questão das cotas são eminentemente determinista, o que não permite ao telespectador, notadamente aos mais displicentes, formar opinião mais elaborada e isenta das ações afirmativas, o que é extremamente nocivo. Vocês sabem que no jornalismo esta postura configura-se um pecado inaceitável. A regra alienante e, sobretudo maldosa de suas matérias (reveja as reportagens anteriores sobre o mesmo tema e confirmem) já é tema recorrente entre nossos pares. É sustentada notadamente nas seguintes bases: passagem tendenciosa, sonora geralmente com um negro ou um branco de poucos recursos intelectuais, obviamente contrários às cotas, sonora de dez ou onze segundos com negros de pouco domínio de causa e, finalmente, o tiro de misericórdia: uma sonora eterna de sociólogos, “especialistas” e afins, que se estende até os limites do jornal da Globo. E pasmem! Agora vocês conseguiram o inimaginável: fechar suas matérias até com antropólogos contra um processo sério de inclusão. Mas vocês não são deterministas? Sugestão para