Negrinha
Negrinha, publicado em 1920, segundo os especialistas em Monteiro Lobato, reúne o melhor em sua obra de literatura não-infantil. São vinte e dois contos, alguns são de sua fase atormentada, antes de viajar aos Estados Unidos. "Negrinha", "O Jardineiro Timoteo", "O colocador de pronomes" e a obra-prima, "A facada imortal", que foi escrita em seu regresso, são alguns deles.
Muitos contos de Negrinha são experimentos com as linguagens dramática ou cinematográfica, que conferem a seu texto maior velocidade e promovem deslocamentos temporais e narrativos curiosos.
Os contos abordam tragédias, ódio e romantismo. Os personagens destes 22 contos são um retrato da população brasileira das décadas iniciais do século XX. Através deles, Lobato denuncia e desnuda os bastidores de uma sociedade patriarcal que deixa entrever os vestígios de uma persistente mentalidade escravocrata, mesmo décadas após a abolição.
O conto "Negrinha" é narrado em terceira pessoa, é impregnado de uma carga emocional muito forte. Leia mais...
No conto "As fitas da vida", um velho, ex-soldado da Guerra do Paraguai, sozinho e cego, acaba por engano sendo levado ao prédio da imigração em São Paulo. Velho e cego, ele declara que gostaria de reencontrar seu antigo capitão, ao qual serviu durante a guerra. Se queixava sempre de que todas as suas desgraças provinham de ter perdido o seu capitão durante a Guerra do Paraguai, e dizia que, se ele encontrasse o seu capitão, as suas agruras teriam fim, e até a visão certamente ele recobraria. Ele acreditava que o bom homem seria capaz de cura-lo até mesmo da cegueira.
E, afinal, um dia, aparece, incógnito, o seu querido capitão, e este, para experimentar a fidelidade do velho cego e identificá-lo, fala mal de si próprio, diz que o capitão não passava de um covarde, etc. e o cego se enfureceu, e chorou, e disse que não se insultava assim uma pessoa que não poderia reagir... Então, “mal pronunciara essas