narrativa
Ela possuía dúvidas terríveis sobre o desconhecido que estava à sua frente. Elas a impediam de ter noites tranqüilas de sono e a fazia sentir certo enjôo inconsciente das respostas fáceis e prontas que todos consumiam diariamente. O mundo era tão óbvio para os outros e a felicidade garantida em sorrisos compráveis no supermercado.
Um dia algo extraordinário aconteceu. Quebrou o relógio que a prendia em suas horas. Pegou a pedra do improvável e quebrou a frágil janela do cotidiano. Foi quando percebeu que na sala escura que ela estava havia uma porta para a sua liberdade e outra para a sua condenação. A porta da condenação, da tortura, poderia lhe prender e sufocar ao máximo como uma sacola plástica sem oxigênio. Essa porta era a porta do capitalismo, da escravidão e do principal: a liberdade falsa e outros lixos da sociedade.
Aliás, quem é Ela? Ela é a minha, a sua, a nossa generalização. Nós todos os dia ficamos frente a frente com essas fortes decisões. Muitas das vezes, sem saber o que fazer. Ficamos pensativos, perdidos com muitas incertezas.
Mas, ela enfim tomou uma decisão. Essa decisão era muito difícil, porém, foi a que mais ela se orgulhou. Ela enfim decidiu se libertar, se desacorrentar escolhendo a porta da libertação. No momento em que ela escolheu a porta da libertação alguém lhe segurou e não a deixou fugir. Ela acabou se rendendo novamente. Perdeu a sua liberdade e deixou esse alguém que ela não sabia quem era acorrentá-la novamente. Mas, desta vez, não foi como no começo, pois ela já sabia o que fazer e foi o que ela fez. Ela tentou fugir de novo sem pensar em nada. Porém, uma voz com tom de ironia gritou:
- Não foge não. Pode ser pior para você.
Dando uma gargalhada escandalosa em seguida. Ela sem acreditar nesta voz misteriosa saiu correndo para o seu alvo: a porta. Sem pensar em nada, apenas na sua liberdade verdadeira que ela nunca teve. Ela já nasceu dominada e iria morrer dominada se não agisse e se não tomasse coragem