A EMPRESA É VOCÊ
Por David Cohen
Trrrrrriiiiimmmmm. Alguém ligou para a sua companhia. Mas não vai falar com a empresa. Vai falar com você. Este contato é crucial. Lembre-se: você é a empresa. Talvez você nunca tenha tido essa experiência, mas existe um serviço telefônico com prefixo 0900 que oferece fantasias sexuais. Homens carentes, adolescentes curiosos, mulheres sozinhas costumam ligar por impulso, e pagar por impulso, para ouvir vozes sedosas sugerindo... É um negócio. É um serviço. Durante dois anos e meio, Virgine foi atendente de uma companhia dessas (como é o caso de todas as atendentes, seu nome é fictício. Para manter sua identidade totalmente preservada, usamos aqui um nome fictício falso). Virgine não gostava do que fazia. “Era deprimente” diz. No começo, ia com freqüência chorar no banheiro da agência e, mal estreou no emprego, deixou de fazer amor com o namorado. Mas, ela precisava do dinheiro para se sustentar em Israel (sim, grande parte das agências que oferecem telessexo ao mercado brasileiro funciona no exterior). Algumas semanas depois, Virgine tornou-se uma das melhores atendentes da companhia, uma das que mais dava lucro, porque mantinha seus clientes na linha por mais tempo. Que transformação, hein? Nem tanto. Virgine apenas percebeu, pela atitude de alguns homens que telefonavam, que nem sempre precisava falar sobre sexo. “Quando o sujeito dava abertura, eu contava que não, que eu não estava de cinta-liga nem de camisola transparente: eu estava era com três calças, casaco de lã, morrendo de sono e meio deprimida do outro lado do mundo”, diz a ex-Virgine. Mesmo sem ouvir o que queriam, e sem receber o serviço pelo qual tinham pago, esses clientes ficavam muito mais tempo do que a média no telefone e ainda por cima voltavam a ligar nos dias seguintes. Por quê? “Eu me envolvia com eles, eu tinha uma grande tendência a me interessar pelas pessoas que ligavam, queria saber o que faziam, como eram suas vidas.” E eles retribuíam. Quando