nao sei ser triste a valer
Não sei ser triste a valer
Nem ser alegre deveras.
Acreditem: não sei ser.
Serão as almas sinceras
Assim também, sem saber?
Ah, ante a ficção da alma
E a mentira da emoção,
Com que prazer me dá calma
Ver uma flor sem razão
Florir sem ter coração!
Mas enfim não há diferença.
Se a flor flore sem querer,
Sem querer a gente pensa.
O que nela é florescer
Em nós é ter consciência.
Depois, a nós como a ela,
Quando o Fado a faz passar,
Surgem as patas dos deuses
E ambos nos vêm calcar.
'Stá bem, enquanto não vêm
Vamos florir ou pensar.
- 5ª estrofes, cada uma com 5 versos (quintilha), excepto a 4ª estrofe que tem 4 versos (quadra) e a 5ª estrofe que tem 2 versos (dístico)
- 7 sílabas métricas (redondilha maior)
Antítese ("Não sei ser triste a valer,/Nem alegre deveras.") v.1-2 I estrofe;
*Hipálage ("Ah, ante a ficção da alma/E a mentira da emoção,") v.1-2 II estrofe;
*Aliteração ("Se a flor flore sem querer,/Sem querer a gente pensa.") v.2-3 III estrofe;
*Metáfora ("O que nela é florescer/Em nós é ter consciência.") v.4-5 III estrofe;
*Comparação (Depois, a nós como a ela,") v.1 IV estrofe;
*Perífrase ("Quando o o fado a faz passar,"), ("Surgem as patas dos deuses/E ambos nos vêm calçar.") v.2, 3-4 IV estrofe. Afinidades com poemas já estudados Podemos comprovar a existência de algumas afinidades entre este poema e os poemas da ceifeira e do gato. de Fernando Pessoa Análise ao poema
"Não sei ser triste a valer" Recursos linguísticos
*Interjeição ("Ah") v.1 II estrofe Marcas tradicionais
1º Estrofe:
Nos primeiros três versos, o sujeito poético refere-se a si mesmo como não sabendo ser triste, nem alegre, nem ser.
Nos dois últimos versos, o sujeito poético interroga-se sobre a hipótese de outras pessoas compartilharem o mesmo problema que ele tem.
2ª Estrofe:
Basicamente, o sujeito poético diz querer ser uma flor, pois ela flore sem ter motivo devido ao