Música
É importante ter claro que a produção musical não pode ser identificada como um mero reflexo, as músicas aparecem entrelaçadas num processo interno de influência mútua, ou seja, que são simultaneamente constituintes e constituídas, que em sua repetição e circularidade produzem e reproduzem sistemas que organizam, expressam e regulam comportamentos (Matos, 2003. p.103)
A proposta deste artigo é a de formular uma rápida delimitação sobre o ponto de encontro entre o movimento bossa nova e a política desenvolvimentista de Juscelino Kubitschek no período 1956-1960, para com isso tentar perceber a relação entre música e política a partir de uma problematização do urbano, um sinônimo de moderno que está no interior de um movimento musical que se pretendia elitizado, ressalvando-se para tanto que o mesmo urbano era um elemento chave do projeto político juscelinista. Pretende-se aqui a análise não da sonoridade, arranjos harmônicos ou a introdução de novos instrumentos que caracterizam o movimento bossa nova – embora tais elementos estejam situados dentro da proposta – mas interessa para este trabalho o corpo textual. Neste caso, ao referir-me ao conceito de música, embora consciente da dimensão alcançada por ele, refiro-me especificamente às letras das músicas que compõem o movimento bossa nova no período já citado.
O período de