Métodos
Heloisa Helena T. de Souza Martins
Universidade de São Paulo
Resumo
Este artigo apresenta reflexões sobre o que significa fazer ciência no âmbito dos métodos e técnicas qualitativos da sociologia.
Tem como pressupostos uma compreensão de metodologia como o conhecimento crítico dos caminhos do processo científico, que indaga e questiona acerca de seus limites e possibilidades; e o reconhecimento de que todo conhecimento sociológico tem, como fundamento, um compromisso com valores. A pesquisa qualitativa é definida como aquela que privilegia a análise de microprocessos, através do estudo das ações sociais individuais e grupais, realizando um exame intensivo dos dados, e caracterizada pela heterodoxia no momento da análise. Enfatiza-se a necessidade do exercício da intuição e da imaginação pelo sociólogo, num tipo de trabalho artesanal, visto não só como condição para o aprofundamento da análise, mas também — o que é muito importante — para a liberdade do intelectual. Discutem-se as principais críticas feitas à pesquisa qualitativa, em especial as acusações de falta de representatividade e de possibilidades de generalização; de subjetividade, decorrente da proximidade entre pesquisador e pesquisados; e o caráter descritivo e narrativo de seus resultados. Neste contexto, reflete-se sobre os problemas éticos envolvidos nesse tipo de pesquisa, e retoma-se brevemente a história que culminou com o predomínio do enfoque quantitativo, especialmente na sociologia norte-americana do pós-guerra. Em conclusão, o texto propõe que hoje o mais importante é produzir um conhecimento que, além de útil, seja explicitamente orientado por um projeto ético visando a solidariedade, a harmonia e a criatividade.
Palavras-chave
Sociologia — Metodologia qualitativa — Pesquisa sociológica.
Correspondência:
Heloisa Helena T. de Souza Martins
FFLCH / USP
Depto de Sociologia e-mail: heloisah@usp.br.
Educação e Pesquisa, São