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O Papel da Economia na Política
Mesmo se acreditássemos ser possível uma ciência normativa, nossa crítica no capítulo anterior ainda seria válida, pois não se deveriam incorporar juízos de valor à economia por meio de argumentos sofísticos. Se a ciência econômica tem de ser normativa, decerto não deveria meramente constituir má lógica.
Por outro lado, há uma ampla concordância no sentido de que a economia deveria ser “prática”. Então, como os resultados das investigações econômicas podem ser colocados a serviço de objetivos práticos?
Na crítica precedente, não havia intenção de se perder em minúcias. Há casos em que os interesses econômicos correm paralelos.
Portanto, é lícito afirmar com segurança que, quando quer que prevaleça a harmonia de interesses, os economistas podem, universalmente, fazer recomendações válidas.
Na realidade, alguns argumentos liberais são desse tipo. Por conseguinte, se é possível demonstrar que uma medida protecionista promoveria suborno e corrupção,178 existe uma pressuposição de que todos os cidadãos respeitáveis condenariam esse resultado particular de um desvio do laissez-faire. Isso, naturalmente, não impede a possibilidade de outros resultados que são julgados de forma diversa pelos interessados. Aqueles que dão importância o bastante a esses outros resultados podem, ainda, aceitar o resultado indesejável como um mal necessário.
Para recorrer a outro exemplo, há freqüentemente concordância comum em certos aspectos “puramente legais” dos problemas sociais, os quais não parecem ter implicações relevantes para a política social. Muitos problemas de maior significação econômica talvez sejam também desse tipo, especialmente em Política Monetária e Bancária. Embora num
178 Cf., p. ex., Seligman. Principles of Political Economy. Nova York, 1904, 6ª ed., 1920, p. 4.
Também em Bastable. The Theory of International Trade. Dublin, 1887; e muitos outros autores. 211
OS ECONOMISTAS
certo sentido