musica
O SERIALISMO DODECAFÔNICO
NA SEGUNDA ESCOLA DE VIENA1
Fernando Kozu
Introdução
Apesar de não necessitar justificativas para considerar o dodecafonismo vienense como um dos aspectos que marcaram a música do século
XX, visto a considerável influência que este desencadeou nas práticas e teorias musicais posteriores — composição, análise, interpretação e audição — , apresentaremos nesta introdução um breve panorama da trajetória da teoria tonal, focalizando os elementos que contribuíram para a sua dissolução, passando pelo brevíssimo período do atonalismo, até desembocar no dodecafonismo.
O objetivo desta exposição é contextualizar o dodecafonismo historicamente como uma conseqüência inevitável e necessária do sistema tonal, já que este se encontrava em crise diante do desgaste de seus constituintes que lhe garantiam a sua consistência.
É óbvio que muitas outras tendências foram exploradas paralelamente ao dodecafonismo, mas que, apesar de serem aspectos que também marcaram a música do século XX, não constituem o foco deste estudo. Só para citar alguns compositores mais significativos, temos na França Debussy, na Rússica
Stravinsky, na Hungria Bartók, e na América Ives e Varèse. Assim como o dodecafonismo dos vienenses, essas outras vertentes também estavam experimentando novos paradigmas para solucionar o evidente impasse em que se encontrava o tonalismo na virada do século XX.
Tomaremos como ponto de partida a apresentação de Juan Carlos
Paz, que no prefácio do livro O que é a música dodecafônica?, de Herbert Eimert, faz uma síntese bastante objetiva e clara a respeito do contexto histórico da música pré-dodecafônica: A técnica da composição dodecafônica constitui um ensaio de reestruturação lógica, conseqüente e efetiva, uma vez que, ao ponto final de uma extensa trajetória, em que a música da civilização ocidental, após o desgaste progressivo de seus elementos básicos
— tonalidade e formas resultantes — , empreende a lenta,