Mundo antigo na pesquisa histórica contemporânea
CAMBI, FRANCO HISTÓRIA DA PEDAGOGIA/FRANCO CAMBI; TRADUÇÃO de ÁLVARO LORENCINI-SÃO PAULO: editora UNESP, 1999-(ENCYCLOPAIDÉIA).
MUNDO ANTIGO NA PESQUISA HISTÓRICA CONTEMPORÂNEA
“A pesquisa histórica contemporânea realizou uma profunda transformação da imagem que tínhamos do mundo antigo. Antes de tudo, demoliu em grande parte aquela concepção classista (ática ou apolínea, podemos dizer) do antigo grego romano que havíamos herdado do Neoclassicismo ou diretamente do Humanismo quatrocentista, e, antes ainda do Helenismo e do seu ideal de cultura baseado na humanista e nos princípios heurísticos do equilíbrio e da beleza como harmonia... aos modernos tocava a sorte da nostalgia de uma Antiguidade assim idealizada, que continuava a refulgir como modelo insuperável de beleza...”.
“A nossa visão atual do mundo clássico é radicalmente diversa, mas também trágica carregada de paixão, de força, de violência também... de classes, de etnias e por projetos de domínio e de hegemonia que agitam a vida da polis grega, da republica romana e do império, alimentando de fortes tensões toda a cultura: não mais totalmente concentrada em torno dos problemas cognoscitivos (científicos ou filosóficos), caracterizada pela teoria e pelo teorizem (do conhecimento desinteressado e “puro”), mas também e prioritariamente pelas técnicas, pelo trabalho, pelas atividades performativas do ambiente natural próprias do Homo sapiens.”.
“... milagre grego, ou seja, a sua colocação num plano diferente e separado em relação às outras culturas mediterrâneas e médio-orientais, marcada pela beleza como harmonia e pelo saber como teoria. Tomava forma uma imagem mais articulada, complexa e dialética do mundo clássico, cujas estruturas emergiam de um trabalho cultural mais complicado e mais disseminado...”.
“... essa visão mais complexa e plural da época antiga (pré-clássica, clássica e helenística) complicou-se e sofisticou-se por meio das contribuições de Detienne, dedicadas à religião a