Mundialização
A mundialização-globalização diz respeito não apenas à hegemonia sistêmica do financeiro, mas também à forma de produzir riquezas e à natureza dos elos entre os fluxos de produção e os seus desdobramentos (spill-overs, retombées). O quadro mundializado das atividades das empresas e as transformações tecnológicas e produtivas conduzem a uma modificação das relações entre os fluxos de produção e os seus resultados. Pensamos que é necessário reconhecer que o quadro mundializado dos circuitos do capital, os novos elos e as novas hierarquias (entre as unidades de produção, entre as empresas, entre os países) são de natureza a modificar de forma fundamental os conceitos econômicos e em particular a associação – que se supõe permanente – entre a produção, material ou imaterial, de um lado, e os resultados, tal como eles são habitualmente percebidos, de outro lado.
Esta é uma dimensão da mundialização crucial para os países periféricos. Ela está ligada à emergência de estruturas de produção de riquezas e de distribuição de rendimentos que são, ambas, diferentes do que eram no passado sobretudo pelo fato de serem não-coincidentes entre si. De fato, a produção num espaço nacional dado torna-se fortemente desconectada dos fluxos de rendimentos. A natureza mundializada da produção e a concentração da propriedade e do comando modificam as relações entre a produção e os rendimentos que dela decorrem. Nesse espaço, por conseqüência, essas duas dimensões tornam-se menos conectadas e mais independentes uma da outra. Uma grande parte dos efeitos econômicos – sejam eles ou não diretamente mensuráveis na contabilidade social – ocorre fora do lugar de produção.
3.1 – A dissociação entre conteúdos materiais das atividades produtivas e os seus efeitos econômicos
No funcionamento regular de uma economia, tal como estamos habituados a pensá-la e sobre o qual se baseiam os nossos esquemas analíticos, com bases