Mundialização
1. Internacionalização, regulação e crises A fase de bom funcionamento, afinal muito breve, da regulação fordista situa-se, grosso modo, desde o fim da reconstrução após a Segunda Guerra Mundial, até a morte do sistema de Bretton Woods. Corresponde à fase, igualmente muito curta, em que predomina a internacionalização multidoméstica. Esse período caracteriza-se por um regime internacional relativamente estável, tendo como pivôs o sistema de paridades fixas entre as moedas e a difusão do modelo fordista de produção e consumo de massas, a partir dos EUA. (...) No que diz respeito ao movimento de internacionalização, os fluxos de IED já são significativos. (...) O IED assume a forma de “filiais intermediárias”, cuja oferta destina-se prioritariamente ao mercado interno dos países de acolhida, com alguma exportação complementar para a área tradicional de comércio exterior desses mesmos países. Durante esta fase, as relações políticas entre as classes sociais e o grau de efetiva soberania que os governos possuem asseguram o respeito das multinacionais a certas convenções e formas de relacionamento correspondentes à relação salarial “fordista”, bem como sua colaboração visando a certos objetivos de política econômica nacional — o equilíbrio da balança comercial, por exemplo.E vários fatores irão contribuir para uma reversão do quadro: rigidez das estruturas industriais oligopolistas no plano nacional; crise de todas as determinações da relação salarial fordista; crise fiscal do Estado e questionamento da amplitude assumida pelos gastos públicos; deterioração das relações constitutivas da estabilidade do regime internacional. Uma das características marcantes do período imediatamente posterior à recessão de 1974-1975 foi uma taxa de crescimento do IED muito superior à do investimento doméstico, pois as grandes companhias buscavam uma saída para a queda de rentabilidade do capital, para a saturação da demanda de bens de