Multieducação

351 palavras 2 páginas
Curso: sociolinguística e letramento
Aluna: Ana Flávia O. Wanderley Forti

Resenha crítica do livro A língua de Eulália de Marcos Bagno

Muito mais do que um manual sociolinguístico, A língua de Eulália, de Marcos Bagno, é uma interessante narrativa envolvendo uma experiente professora universitária aposentada, Irene, e três jovens universitárias. A história inicia-se com a sobrinha da professora chegando em sua casa, no interior de São Paulo, com suas duas amigas. Num primeiro momento, as meninas estranham o jeito de falar e chegam a caçoar de uma antiga funcionária ( e agora uma amiga, na verdade) da casa de Irene, a Eulália, que dá título à obra. Essa situação desencadeia uma série de discussões acerca de nossa língua, nossa variedade, nossos regionalismos, nossa competência linguística e claro, nosso preconceito linguístico, que segundo a obra, ultrapassa a língua, se infiltrando em outras áreas: raça, cor, classe social, classe econômica, etc. Mas se fazendo ainda muito presente na área linguística, diferentemente das outras áreas, em que o “politicamente correto” já atua de maneira mais incisiva. Irene, percebendo o preconceito na fala das meninas, começa tentando desconstruir mitos cheios de preconceito, e as meninas propõem então, pequenas aulas no fim do dia para discutirem tais situações. Irene tenta então mostrar através dessas aula, que o que parece errado, não é tão errado assim, e fala de fenômenos como rotacismo e as marcas redundantes de plural. Mune-se de exemplos catedráticos antigos para provar suas teorias, faz uma linha do tempo, mostrando as transformações da língua e o que hoje é considerado errado, já foi certo. A todo momento a obra nos mostra como a língua padrão é elitizada, e que nem todos tiveram ( e têm ) a oportunidade de frequentar a escola, ou mesmo boas escolas, mas que a maneira de se comunicar desses falantes, não pode ser alvo de críticas, estigmas, e que todo conhecimento é válido, sendo ele acadêmico ou não.

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