Mulheres na lida
Por Inês Figueiró (16.556 toques)
O leite entra pela boca da vaca. É o que vem comprovando, nos últimos dois anos, um grupo de 14 produtores de Lima Duarte, Zona da Mata mineira. Ao mudarem o manejo alimentar de seu rebanho, viram a produção mais do que triplicar e passaram a enxergar no leite uma atividade financeiramente viável. “Eu não fecho no vermelho há dois anos, desde que comecei com esse projeto, que tem pastejo rotacionado e gestão. Sem essas mudanças, o ideal seria morar e trabalhar na cidade porque aqui não teria como viver e sustentar minha família”, conta Robinson Pacheco Dias, do Sítio Engenho, um dos integrantes do grupo e pai de dois filhos, a falante Laura e o recém-chegado Estevão, e um dos integrantes do grupo.
Na propriedade de 6,6 hectares, ele produz 120 litros/dia com oito animais em lactação e uma produção/vaca/dia de 15 litros. Esse volume é cinco vezes superior ao obtido antes de implementar as mudanças. Na época, com igual número de animais, tirava 720 litros por mês, ou seja, 24 litros/dia, o que dá uma produtividade de três litros por animal. O segredo foi o pasto. Numa área de quase seis mil metros quadrados, fez 19 piquetes de grama estrela com braquiária do brejo. É aí que ficam os animais mais produtivos. Elas passam 24 horas em cada piquete.
Para esse grupo top, que produz mais de 10 litros/dia, a alimentação é diferenciada. Elas recebem um quilo de ração para cada litro de leite produzido. O concentrado é misturado na propriedade e seus ingredientes variam de acordo com a flutuação dos preços, mas a composição é sempre a mesma: ingredientes que forneçam 16% de proteína, e aí entram soja, algodão ou amendoim, e com teor de energia acima de 80%, como é o caso do fubá e do trigo. As fêmeas que não recebem ração ficam soltas no pasto e tem direito apenas ao sal mineral.
No inverno, período da seca, que começa em junho/julho na região, os