Graduação
O filme assistido contém desde o seu início, questionamentos a cerca da teoria dos gêneros propostos por Dagmar Mayer.
Nascida no México, filha de um judeu alemão e uma mexicana, a protagonista do filme que trata da biografia da artista plástica Frida Kahlo, já no primeiro momento do filme, rompe com a linearidade esperada para a cena de um retrato em família. Há no filme um momento para o retrato, proposto pelo pai da protagonista. Esse momento muito comum, em famílias típicas do século XIX, é surpreso pela presença da então menina/adolescente Frida vestida completamente com trajes masculinos: calça, camisa, terno gravata. Nessa passagem, ao causar choque a sua mãe e risos aos outros ela age de maneira natural transitando entre o ser mulher e ser homem. O único personagem, que curiosamente apoia o ato é o pai da personagem (embora ele seja de uma religião caracterizada por ser tradicional, o judaísmo) quando utiliza o seguinte argumento: “Eu sempre quis ter um filho”. Interessante é observar a facilidade e a liberdade que a protagonista possui para transitar entre estas duas identidades. Como afirmou Meyer, p.16: “ O gênero aponta para a noção de que ao longo da vida através das mais diversas instituições e práticas sociais nos constituímos como homens e mulheres, num processo que não é linear, progressivo ou harmônico e que também nunca está finalizado ou completo” e Frida contempla essa afirmação durante muitas passagens do filme. Interessante notar que em diversos momentos, geralmente nos momentos de crise, quando é pressionada a personagem veste-se de homem. Essas tentativas podem apontar, subjetivamente, para a busca de uma identidade forte, viril que lida ‘melhor’ com situações emocionais de problemáticas. Interessante notar que durante uma passagem onde ela descobre que foi traída e isso lhe causa mágoa há um processo de corte de cabelo e mudança de vestuário feminino para o masculino. Podemos interpretar essa passagem como a