Mulheres adiam cada vez mais
“Os últimos indicadores estatísticos confirmam algumas tendências femininas: dominam no Ensino Superior, preferem as áreas da Saúde e das ciências empresariais e adiam o casamento e a maternidade para idades cada vez mais tardias.”
Nas décadas de 60 e 70, a idade do primeiro filho rondava entre os 20 e os 24 anos. Atualmente, está perto dos 30 anos. Estes dados demográficos foram o ponto de partida para uma investigação de Elisabete Sousa, enfermeira do Hospital Pedro Hispano (Matosinhos) e licenciada também em Ciências da Educação. Na tese de mestrado que defendeu na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto, a investigadora pretendeu compreender os motivos que levam as mulheres a adiar a maternidade, por vezes até aos limites do relógio biológico, através da análise do discurso feminino sobre a maternidade tardia.
As razões evocadas são muito variadas, mas duas surgiram em todas as mães entrevistadas: a vontade de "viver a vida" e a necessidade de estabilidade financeira. Este desejo de viver a vida é representativo da percepção que muitas mulheres têm de que, caso tenham filhos cedo, "não podem viver a vida em plenitude" e traduz-se em muitas dimensões, explica Elisabete Sousa. "Não se trata apenas de gozar a vida social até mais tarde, sair à noite, viajar e estar com amigos", sublinha. As mulheres têm cada vez mais noção de que, para terem estabilidade profissional, precisam investir mais na formação e dedicarem-se redobradamente ao trabalho, o que acaba por empurrar a maternidade para mais tarde. A segurança financeira, aliada à estabilidade profissional - e não obrigatoriamente o investimento na carreira, embora este fato também fosse referido pelas mulheres com profissões mais diferenciadas -, é condição para a maioria das mulheres.
Até porque assiste-se a uma "valorização crescente da criança e da sua educação", que a leva a que, atualmente,