expressividade motora

Interfaces da Clínica na Prática Psicomotora Aucouturier
Silvia Carné*
* Fonoaudióloga, Psicóloga Clínica, Pós-Graduada em Patologias da Linguagem pela UNESA/RJ e em Psicomotricidade pelo IBMR/RJ, Sócia Titular da Sociedade Brasileira de Psicomotricidade e Diretora do ESPAÇO NÉCTAR - Centro de Prática Psicomotora Aucouturier.

ALGUMAS REFLEXÕES PRELIMINARES
"A espera é um encantamento".
Roland Barthes
O mergulho no universo terapêutico é um fascinante desafio. Seja no dinâmico processo de formação pessoal/profissional, ou no estudo permanente do desenvolvimento psicomotor e suas patologias, ou, ainda, na singularidade de uma sessão clínica, o desafio é sempre inevitável. Cada momento é especial e instigante; e cada indivíduo, surpreendente e enigmático.
Dentro deste contexto psicoterápico, no qual a Prática Psicomotora Aucouturier está inserida, destacamos, inicialmente, a importância da 'arte' de acolher. O acolhimento - que varia em função da cultura, da situação histórico-familiar e, principalmente, de pessoa a pessoa - é condição primária do desenvolvimento emocional e pré-requisito de saúde física e mental. Interessa às ciências que se dedicam ao estudo das relações interpessoais e, portanto, interessa, também, à Psicomotricidade.
Acolher é cuidar, é amparar, é acompanhar, é respeitar. É a partir do acolhimento que nasce a confiança e, conseqüentemente, a entrega. Sendo assim, é um componente importante da clínica, no qual o ambiente terapêutico é parte integrante.
Sete horas da manhã, Espaço Néctar, Rio de Janeiro. Ivete, a primeira funcionária da equipe profissional, chega e inicia suas tarefas. Não se trata, somente, de ocupar-se da limpeza e da preparação do café e do chá. A qualidade de seu trabalho tem um valor subliminar específico e faz parte de uma engrenagem que é, em si, uma metacomunicação.
O acolhimento à pessoa que 'pro-cura' ajuda - seja a criança, o adolescente, o adulto ou o idoso - inicia-se pela organização e manutenção do ambiente