MULHER NO DIREITO GREGO CLÁSSICO

3477 palavras 14 páginas
A MULHER NO DIREITO GREGO CLÁSSICO: UMA ABORDAGEM LITERÁRIA
Arnaldo Moraes Godoy
O presente artigo tem por objetivo identificar a presença da mulher no direito grego clássico, valendo-se de fontes literárias, vinculando direito e literatura. Primeira leitura sugere mulheres fortes, dominantes, donas da mais absoluta liderança. Teríamos Aspásia (na vida real), Medéia, Lisístrata e Antígona (na ficção teatral). Sintetizam exceções, fatos isolados, ensaios de igualdade num mundo de homens, que negaram às mulheres a mais variada gama de direitos. As mulheres não participavam da política, atividade que os gregos mais teriam prezado.
Aspásia, a mais famosa cortesã da antigüidade, vivera com Péricles, líder ateniense, no século V a.C. . O matrimônio fora dificultado pela proibição do casamento entre atenienses e estrangeiros. Segundo Mário Attilio Levi, biógrafo de Péricles:
“Depois de um casamento mal sucedido e que acabou em divórcio, ele se uniu a Aspásia, mulher de grande cultura e elevada educação, natural de Samos, a quem não podia desposar porque os matrimônios com mulheres daquela ilha não estavam entre os que eram consentidos entre atenienses e estrangeiros. Aspásia, mesmo não passando de um concubina, sonha granjear-lhe muitas amizades no meio intelectual.”
O biógrafo de Péricles, a propósito de Aspásia, traça características da difícil vida das mulheres de Atenas:
“A moral ainda corrente na Atenas do século V não tornara agradável a vida da mulher no casamento, pelo menos entre as camadas elevadas. A mulher dessa condição não recebia a mesma educação que era ministrada ao marido e, enquanto a mulher do povo não guardava distâncias em relação a seu cônjuge e participava de suas atividades, a da aristocracia tinha de viver no gineceu, isolada dos homens da casa, e pouco saindo.”
A historiografia tradicional sempre reservou a Aspásia posição incômoda. Embora bonita, culta, inteligente, Aspásia é a “outra”, a “hetaira”, a “cortesã”. Ainda segundo Mário

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