Mulher, Cinema e Direito
2 - CINEMA, MULHER E JUSTIÇA CRIMINAL BRASILEIRA
O presente capítulo está organizado em três partes: “A Mulher no Cinema”, “Cinema Documentário Nacional” e “Justiça Criminal Brasileira”. Julgamos importante, aqui, abordar tais temas, porque a pesquisa sobre a experiência emocional de mulheres envolvidas em práticas delituosas, abordada por meio de documentário constituído por depoimentos pessoais, inscreve-se na confluência de várias questões, que são relativas ao material a partir do qual se pode realizar a pesquisa psicanalítica.
Defendemos que o método psicanalítico pode ser operado no estudo de manifestações expressivas, que nos chegam sob a forma de uma produção que se inscreve, no mundo da arte e da cultura, jornalisticamente, a partir de seu cunho realista. Será como plateia, habitando por um Será como plateia, habitando um campo transferencial que se estabelece entre os entrevistados, a câmera e a exposição ao filme, que realizaremos nossa investigação.
Por este motivo, algo que pode ser percebido, à primeira vista, como digressões não organicamente relacionadas ao tema, justifica-se, neste momento, à guisa de capitulo dedicado ao cinema, à mulher e à justiça criminal que é exercida no Brasil.
A MULHER NO CINEMA
A transformação cultural que aconteceu na década de 60 desafiou não apenas o status de mercadoria da arte, mas também fez com que ela entrasse em espaços públicos, convidando seus apreciadores a participarem da elaboração de significado das obras. Com isso, as fronteiras entre a arte e a vida praticamente desapareceram (Osthoff, 2010).
Os movimentos feministas e contraculturais que nasceram em 1960 fizeram parte de um ímpeto que, na América Latina, privilegiou o desafio a regimes opressores e às estruturas de classe. Apesar das questões de gênero não terem figurado como uma grande prioridade na agenda artístico-política daquela época, o número de artistas brasileiras tem se expandido consideravelmente nas últimas