MUDOU O MUNDO
Um ano atrás, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou oficialmente que a Guiné vivia uma epidemia de ebola.
A doença já havia tirado a vida de dezenas de pessoas e se espalhava para os países vizinhos. Nos 12 meses seguintes, o vírus mataria mais de 10 mil pessoas não só na Guiné, mas na Libéria e também em Serra Leoa.
O número de mortos agora está caindo ─ mas ainda está longe do zero.
Seja como for, a ameaça viral deixou sua marca permanente no mundo. Ela teve impacto profundo nos hábitos sociais da África Ocidental e na forma como autoridades de saúde lidam com epidemias.
'Intocáveis'
O ebola se baseia na intimidade da interação social para assegurar sua contínua sobrevivência ─ o vírus é transmitido por meio do contato com fluidos corporais em indivíduos infectados.
Isso significa que as pessoas que cuidam dos doentes são os mais vulneráveis à doença.
O mais simples toque humano ─ um aperto de mãos ou um abraço ─ foi imediatamente desencorajado nos três países afetados. A tradicional saudação de estalar de dedos da Libéria acabou banida.
E o modo de dizer o último adeus também. As cerimônias de enterro foram rescritas e práticas comuns em funerais ─ como lavar os corpos dos mortos ─ banidas.
Agora, resta a uma família esperar a chegada de uma equipe de agentes vestidos em trajes que se assemelham a astronautas para levar os corpos embora da maneira mais digna possível sob essas circunstâncias.
No ápice do surto, comunidades inteiras tiveram de se submeter a quarentenas. E em algumas em Serra Leoa, até o Natal foi cancelado.
O impacto a longo prazo da doença para as tradições sociais ainda não é conhecido. Psicólogos estão preocupados que as suspeitas de que outras pessoas carreguem consigo o vírus mortal ainda demorem para desaparecer.
Em contrapartida, se os temores com a doença desaparecerem muito rápido, isso colocaria em risco os esforços para limitar os casos restantes de infectados.