Movimentos Sociais Rurais
A organização dos trabalhadores rurais ganhou impulso no RS, em consonância com movimentações noutras regiões do Brasil, durante a experiência democrática do período populista de 1945-64. Mesmo guardando características próprias, conferidas por sua dinâmica específica, o movimento sulino deve ser pensado com o processo mais amplo, de caráter nacional, de politização e visibilidade das demandas do mundo rural.
O novo modelo de desenvolvimento nacional, apoiado na industrialização e na articulação com o capital internacional, já estava se refletindo no campo, afetando a tradicional estrutura de dominação.
A bandeira da reforma agrária foi a grande reivindicação capaz de aglutinar as diversas forças coletivas emergentes no campo, definindo-lhes um horizonte de luta e um interesse comum. No início dos anos 1960, passou a representar a solução dos impasses do desenvolvimento brasileiro, sendo defendida por amplos setores da sociedade civil. Entendida tanto como sinal de desenvolvimento e modernização da agricultura, dando sustentação à expansão urbano-industrial, ou ainda como parte do processo de uma revolução democrático-burguesa. Todos pareciam concordar com o caráter necessário de sua implementação.
A organização e a mobilização dos segmentos sociais rurais e sua integração na dinâmica política do período não foi resultado de um movimento espontâneo. Um intenso trabalho político desenvolvido por militantes estava na base desse esforço de expressão e afirmação positiva dos agricultores pobres lutando por seus direitos.
Em relação a organização e as estratégias de luta dos pequenos produtores rurais se deu uma ampla disputa envolvendo comunistas, socialistas ligados a Francisco Julião e, especialmente no RS, trabalhistas ligados ao PTB. Além dos partidos, também a Igreja, temerosa em relação a penetração e pregação dos comunistas no campo, envolveu-se nas tarefas de orientação e