Movimentos sociais rurais no sul do brasil
Movimentos sociais rurais no sul do Brasil: novas identidades e novas dinâmicas
Everton Lazzaretti Picolotto1
O objetivo deste artigo é analisar o processo de formação de novas identidades gerais entre os movimentos que se articulam na Via Campesina e na Fetraf-Sul e a conseqüente criação de novas dinâmicas sociais no campo. Os movimentos passaram por diferentes fases em suas trajetórias mantendo certa unidade de ação, porém, a partir de meados dos anos 90, suas estratégias de ação diferenciaram-se e são adotadas “novas” identidades: a Fetraf-Sul adotou a de agricultor familiar e os atores da Via Campesina adotaram a de camponês. Como reflexo destas mudanças, foram motivadas novas dinâmicas sociais no campo. Movimentos sociais; Via Campesina; Fetraf-Sul.
1 Introdução
No decorrer do processo de modernização da agricultura (que visava, entre outras coisas, a especialização das atividades agrícolas e a transferência de trabalhadores para o meio urbano), alguns segmentos sociais do campo promoveram resistência. Em vários locais do Brasil, ainda na década de 70, os pequenos agricultores, os “sem-terra”, os “atingidos por barragens”, os indígenas, os seringueiros, as mulheres trabalhadoras rurais, entre outras categorias, organizaram-se para lutar contra a ex1
Bacharel em Ciências Sociais (UFSM), Especialista em Educação do Campo e Agricultura Familiar Camponesa, (UFPR), Mestre em Extensão Rural (UFSM) e Doutorando em Ciências Sociais (CPDA/UFRRJ). picolottoae@yahoo.com.br.
Revista IDeAS, v. 1, n. 1, p. 60-77, jul.-dez. 2007.
Movimentos sociais rurais no sul do Brasil...
61
propriação de seus meios de produção e encontrar alternativas para a continuação de sua reprodução social. Algumas das ações destes grupos formaram o que se concebe na sociologia como movimentos sociais.2 O surgimento dos movimentos sociais rurais que são foco deste trabalho ocorreu a partir do final dos anos 70 e início