Movimento Negro no Brasil e sua relação com a educação
Renata Waleska de S. Pimenta1
Durante séculos da história brasileira, a presença dos negros africanos se fez marcante apenas enquanto mão de obra, negando a esse grupo social condições de cidadania. Mantidos como as escórias da sociedade, africanas e afrodescendentes viveram marginalizados, vistos como mera mercadoria necessária para os trabalhos mais diversificados. Após a abolição da escravidão em 1888 essas condições pouco se alteraram, o Estado brasileiro deu continuidade a mentalidade racista e segregacionista.
As transformações ocorridas no mundo europeu a partir da Revolução Industrial trouxe uma série de questionamentos quanto à manutenção desse tipo de mão de obra, considerando-a um atraso, a partir da perspectiva meramente capitalista. A consequência para o Brasil foi a busca, sobretudo a partir da implantação da República, de um processo de modernização econômico-social. Contudo a população negra continuava a ocupar um lugar marginalizado na sociedade. Nesse cenário surgiram os primeiros movimentos de protesto dos negros enquanto atores coletivos, constituídos na cena política, lutando contra as formas de dominação social.
O início da República expressa, assim, a origem do Movimento Negro em várias regiões do Brasil. O movimento criou suas próprias organizações (entidades ou sociedades negras) que visavam aumentar a capacidade de ação política e social desse grupo racial. A organização do Movimento Negro voltou-se para a denúncia da discriminação racial e defendia a tese de que a desigualdade social no contexto brasileiro está diretamente relacionada com as questões raciais. Com o passar dos tempos, outras causas passaram a compor a bandeira de lutas e uma delas foi a educação.
O presente trabalho tem como objetivo analisar as ações do Movimento Negro a partir da década de 80 a fim de compreender suas reivindicações a respeito da legitimação das políticas afirmativas no campo educacional. A