No "Arte armorial", Suassuna já falava em uma certa unidade, uma identificação entre os trabalhos dos artistas ligados ao Movimento Armorial. Todos tinham a preocupação de fazer arte partindo das raízes populares da cultura brasileira. Como se tratava de um texto de apresentação, não houve espaço para um esclarecimento maior acerca dessa unidade. Mas, em outras ocasiões, sobretudo quando da divulgação do Movimento na imprensa, Suassuna enfatizou que os participantes do Movimento entendiam essa unidade como conseqüência dos princípios mais gerais em que acreditavam, e não como algo imposto anteriormente à criação, que viesse a comprometer a individualidade do artista. Em uma entrevista publicada no Correio da Manhã, do Rio de Janeiro, Suassuna já chamava atenção para o equívoco que a própria palavra "movimento" poderia sugerir: “É um esforço para encontrar, no Brasil, uma arte que parta de raízes eminentemente populares. Com isso, a pretensão de encontrar uma arte brasileira, latino-americana e universal. O Movimento Armorial não tem uma linha de princípios. É um movimento aberto. Aliás, nós nem gostamos da palavra movimento, porque movimento é quase sempre feito por teóricos, que lançam manifesto e pronto. Nós partimos do trabalho criador. Começamos a criar juntos. Às vezes, isoladamente. Descobrimos, depois, características comuns. Então nos unimos e batizamos o movimento com esse nome, que serve apenas de bandeira nessa busca conjunta de uma arte brasileira”. (Correio de Manhã, Rio de Janeiro, 8 de setembro de 1971) Mesmo tendo sido lançado quando Suassuna já se encontrava em plena maturidade de escritor (com várias peças escritas e amplamente conhecidas, e tendo já concluído sua primeira grande experiência no campo do romance, A Pedra do Reino), é em direção às idéias estéticas do Movimento Armorial que ele parece caminhar desde os seus primeiros poemas baseados no romanceiro popular nordestino. É por isso que, quando questionado sobre o início do Movimento,