moralismo
Nos tempos atuais, antigos valores estão sendo questionados e derrubados. Vivemos uma época de transição na qual a recusa do ‘velho’ ainda não foi acompanhada pelo surgimento de um ‘novo’ consistente. O cenário no campo da ética contemporânea apresenta uma multiplicidade de sistemas de valores. E se o que vale é a multiplicidade de sistemas de valores, então não há sistema de valor algum que tenha validade. Tudo se torna relativo. Na falta de referências que caracteriza nosso atual relativismo ético, muitas pessoas e os valores que elas defendem são acusados de ‘moralismo’. E apesar de a luta contra o moralismo estar na moda, poucos são aqueles que sabem definir o que é o moralismo e qual a sua diferença com a moralidade.
Geralmente, as pessoas entendem que ‘moralista’ é todo princípio ético antigo, conservador e que tem por alvo principal a restrição do comportamento social e sexual. Não é bem assim. Não existem princípios éticos moralistas. O moralismo diz respeito à forma como um princípio ético é justificado. Com efeito, os princípios éticos moralistas são justificados pela autoridade; seja a autoridade da tradição, da criação ou da religião. Assim, moralista é aquela pessoa que defende a validade de um princípio ético dizendo simplesmente que “ela foi criada assim”, que “é assim que as coisas sempre foram” ou que “é assim que a Bíblia diz que tem que ser”. Por sua vez, a moralidade apresenta como pano de fundo a consideração do que é o melhor para o indivíduo e a sociedade. Conseqüentemente, a pessoa que defende um valor moral pode defender o mesmo princípio ético defendido pelo moralista, mas sua forma de argumentação será completamente diferente. Ela tentará mostrar que a obediência a esse princípio ético é benéfica para o indivíduo e a sociedade, e que sua desobediência é maléfica, enquanto o moralista vai tentar mostrar que a validade do princípio está dada e fundada numa forma de autoridade qualquer.