A moral efetiva compreende, em filosofia, não somente normas de ação, mas também, como comportamento que deve ser os atos com ela informe. Tanto o conjunto dos princípios, valores e prescrições que as pessoas, numa determinada comunidade, consideram válidos, como atos reais em que aqueles se concretizam ou encarnam. Ou seja, moral é igual plano ideal e moralidade é a realidade do plano. A necessidade de ter sempre presente esta distinção entre o plano puramente normativo, ou ideal, e o fatual, real ou prático, levou alguns autores a propor dois termos para designar respectivamente cada plano: moral e moralidade. A moral designa os conjuntos dos princípios, normas, imperativos ou idéias morais, o aidós de uma época ou de numa sociedade determinadas. A moralidade refere-se ao conjunto de relações efetivas ou atos concretos que adquirem um significado moral com respeito à moral vigente. A moral está em plano ideal e moralidade está em plano real. A moralidade é um componente efetivo das relações humanas concretas. Constitui um tipo específico de comportamentos dos seres humanos e faz parte da sua existência individual e coletiva, uma vez que não há consciência individual somente, ela como memória que é, necessita do coletivo para progredir e fazer história. A moral tende a transformar-se em moralidade devido à existência de realização que está na essência do próprio normativo. A moralidade é a moral em ação, a moral prática e praticada. Assim sendo, não é possível levantar um muro entre as duas esferas, devido a isso os filósofos acabam empregando um termo só, moral. Mas é preciso ter com clareza que a moral representa esses dois princípios. O normativo ou prescritivo e o prático ou efetivo. Deste modo, na moral conjugam-se o normativo e o fatual ou a moral como fato da consciência individual e social e como tipo de comportamento efetivo das pessoas.
Fonte: BUZZI, Arcãngelo R – Moral Filosófica – Ed. Vozes, Petrópolis.