Monaquismo
1. Introdução
“A Idade Média foi, mais do que qualquer outra época, o tempo dos monges e dos religiosos: não há cidade sem eles, há poucas terras de onde estejam ausentes, não há nenhum homem que não os encontre frequentemente, há poucos actos, poucos pensamentos, poucas intenções em que a sua presença não seja facilmente detectável.” (Marcel Pacaut). O monge paira sobre toda a Idade Média como uma sombra tutelar. Quais são as origens do monaquismo?
2. As origens
Como lembra García de Cortázar, na sua versão cristã. O monaquismo nem é ocidental nem medieval. E podemos dizer que, em si mesmo, o monaquismo nem sequer é originalmente ou exclusivamente cristão: há muitas experiências de comunidades religiosas ou filosóficas que se retiram da vida quotidiana da sociedade organizada, para seguir um mestre ou para praticar um estilo de vida diferente, teoricamente mais ‘perfeito’. No Oriente, há poderosos monaquismos budistas: grandes comunidades de homens separam-se do ‘mundo’ para se consagrarem totalmente à sua religião e ao seu deus (ou deuses).
Compreende-se que, à medida que se foi desenvolvendo e enraizando, o cristianismo tenha tido também os seus monges, naturalmente adaptados às características históricas desta nova religião.
Esses monges aparecem pela primeira vez no Oriente e ainda durante a Antiguidade. Ao narrar a vida de Jesus, os evangelhos salientam alguns traços essenciais: o desprezo total pela riqueza, pelo conforto, pelos bens materiais, e a obediência cega ao “Pai”, que o havia de conduzir a uma morte humilhante e fisicamente dolorosa. A partir de uma leitura ‘à letra’ desses evangelhos, vão multiplicar-se os ascetas cristãos que decidem separar-se para sempre da sua comunidade e família para se isolarem e se entregarem totalmente à procura do seu deus. É uma ruptura pela positiva: estes homens procuram a solidão total para meditarem, rezarem, e viverem como manda a sua religião. A solidão do