Diversos
MARIA ESTER VARGAS *
INTRODUÇÃO
O objecto do presente estudo é o monaquismo, que constitui o grande alicerce para a expansão do Cristianismo à escala mundial. Não é nosso propósito desenvolver este tema relativamente ao período do seu grande apogeu - Idade Média -, mas sim referir-nos às suas origens e seus antecedentes, de modo a podermos compreender melhor como se chegou a um período tão áureo na vida monacal medieval. Debruçar-nos-emos, pois, sobre o tempo em que o Monaquismo nasceu, à margem da Igreja oficial, que tinha dificuldade em reconhecer o valor e a utilidade que os mosteiros poderiam ter na expansão e afirmação do ideal Cristão,1 por suspeitar que eles espalhavam doutrinas duvidosas, para depois ir ganhando terreno no seu seio, transformando-se num meio imprescindível na afirmação da doutrina de Cristo.
Focaremos, igualmente, a evolução e o percurso do monaquismo, primeiro no Médio Oriente, seguindo-se o Norte de África e, finalmente, a Europa Central e Ocidental. Tentaremos demonstrar a importância e o contributo das principais Regras que ajudaram a fornecer bases bem precisas para "uma vida monástica mais consistente"2.
Em capítulo detalhado, desenvolveremos com maior pormenor a questão do monaquismo nas Ilhas Britânicas, com especial relevo para o monaquismo celta, que teve características próprias e bem definidas.
Tentaremos demonstrar que a Cristianização das Ilhas Britânicas não foi um processo pacífico, e que a uma determinada altura estabeleceu o caos e a confusão, devido à coexistência de várias correntes da vida monástica: a Celta e a de Roma.
Deter-nos-emos no Sínodo da Whitby (673), do qual resultou "a unificação religiosa da Inglaterra sob a orientação de Roma"3, embora tenham persistido ainda alguns redutos do Monaquismo Celta, sobretudo na Irlanda.
Escolhemos este facto por considerarmos que ele culmina um período bem demarcado do Monaquismo Ocidental - o seu